quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Cabeçotes - início

Vou começar a falar sobre trabalho de fluxo de cabeçotes. Para fazer é preciso ter uma noção de escoamento de fluidos e uma boa intuição.

Antes de começar é preciso definir o objetivo. Sempre tem melhoras, o cabeçote sai da fundição com muita sobra de material, muitas vezes com a emenda aparente. Tudo isto atrapalha, se o trabalho executado for só acertar estas imperfeições já tem melhora. 

Nesta foto um exemplo de restos de fundição no escape. Estas bolinhas são muito comuns na admissão também. acredito que é por onde o ferro fundido é entornado durante a fabricação.

Nesta foto fica claro a emenda das duas metades do cabeçote:
  

Para um cabeçote que vai andar a maior patre do tempo na faixa de rotação entre 1.500rpm a 4.000rpm, privilegiando conforto e economia esta primeira etapa, que é a retirada de imperfeições e o polimento dá um bom resultado. Porém a maioria dos cabeçotes são para mais alta performance, então são outras técnicas empregadas. É importante saber a faixa de utilização do comando para ter base do fluxo necessário. Imagine que vai tomar um guaraná, com um canudo, aumenta o fluxo com cinco canudos. Então você pensa que se usar trinta canudos vai beber muito mais rápido. Mas é justamente o contrário, você não consegue aspirar. O mesmo acontece no cabeçote, se arrombar tudo e o motor não puxar você fica com fluxo potencial muito grande mas não chega nada nos cilindros. Até a massa de ar "acordar" e se mover a válvula de admissão já abriu e fechou.

Segundo este livro, para o fluxo a forma é mais importante que o tamanho. Então ter um duto mais homogêneo, sem obstáculos, sem mudanças bruscas de direção ou volume proporciona mais fluxo do que um duto maior e com variação de forma ou estreitamentos.

Ângulos de válvula e ângulos de sede: tido como um segredo ou lenda é um importante passo para aumentar fluxo. Nos carros de rua não é muito feito pois reduz a área de contato da válvula com a sede e em pouco tempo vai desgastar e perder vedação. Para os carros de pista onde a manutenção é mais frequente pode ser feita a conferência a cada etapa. É bem simples, mas precisa de uma retífica com equipamentos bons para fazer os ângulos certos e poder repetir em todas válvulas por igual. Basicamente é fazer um caminho mais suave para o fluxo na sede da válvula. A partir da haste corta-se no assentamento uma faixa em 30º, o assentamento mantém 45º e logo abaixo 60º. Não são valores fixos, mas aconselho manter o assentamento em 45º que é melhor para a vedação. Na sede faz um 'espelho' deste corte. 

Nesta figura uma representação do fluxo com a válvula original e com o assentamento em três ângulos:

Fala-se de aumento de 25% de fluxo, mas eu não acredito que seja tão grande o ganho.

continua...

2 comentários:

  1. Cara muito jóia, queria saber sobre a DFV 446, com as borboletas maiores, é fácil de fazer?

    ResponderExcluir
  2. Olá Gabriel. Estou parado com o blog por ter muito trampo 'na vida real'.
    As borboletas da DFV podem ser abertas até 39mm. Mas tem que ser bem feitas se não é problema. Eu tenho o torneiro que faz pra mim, ficam excelentes, a turma de Manaus corre com elas na categoria 446 e andam na frente. O valor para este trampo é R$220, você me mandando a sua base.

    ResponderExcluir